A falta de planejamento adequado e as condições meteorológicas foram responsáveis pelo acidente aéreo que resultou na morte do deputado estadual Bernardo Ribas Carli (PSDB) e outras duas pessoas, em julho de 2018.
Essa informação está no relatório da investigação sobre as causas do acidente, que foi conduzida pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão ligado à Força Aérea Brasileira (FAB).
O avião com Ribas Carli decolou de Guarapuava e tinha como destino União a Vitória, na região sul do Paraná. A aeronave, no entanto, caiu em Paula Freitas, a 31 km do aeroporto de União da Vitória.
Além do deputado, morreram no acidente o piloto Laercio Tavares da Silva e o passageiro Luis Fernando Correa de Souza.
Conforme o relatório, a região de União da Vitória apresentava neblina e não tinha condições para um pouso visual.
O documento também cita que as condições do tempo “comprometeram a percepção do piloto acerca do ambiente externo à aeronave, o que favoreceu a perda de referências visuais e contribuiu para a causa do acidente”.
Conforme o Cenipa, o piloto também sabia que as condições eram desfavoráveis, uma vez que consultou funcionários do aeroporto em União da Vitória cerca de 30 minutos antes da aeronave levantar voo.
“Houve uma inadequação nos trabalhos de preparação para o voo, incluindo a falta de uma avaliação criteriosa das condições meteorológicas da rota e do destino”, cita o documento.
A investigação também afirma que agentes encontraram documentos na aeronave que mostravam procedimentos não oficiais para o pouso no aeroporto de União da Vitória.
“Ressalta-se que o uso de um procedimento não oficial para realização do pouso em localidade que operava somente sob Regras de Voo Visual (VFR) consistia em uma inobservância das normas vigentes à época da ocorrência”, aponta o relatório.
Ainda de acordo com a investigação, esse tipo de procedimento era utilizado com frequência por pilotos que atuam na região, principalmente em dias com condições de tempo desfavoráveis e arriscadas para o pouso.
O relatório indica que o piloto era qualificado e tinha as autorizações para voar válidas. A documentação da aeronave também estava em dia.
A Força Aérea Brasileira reforçou que as investigações não apontam culpados e não tem relevância judicial. Os relatórios servem para a prevenção de outras ocorrências, e contribuir com a melhoria da segurança na aviação.
ACIDENTE
Bernardo Ribas Carli estava indo a União da Vitória para participar de um evento a convite do prefeito da cidade. O avião em que ele estava, no entanto, caiu em uma região de difícil acesso, já próximo do destino final.

Imagens anexadas à investigação mostram que a aeronave caiu em uma floresta de eucaliptos, e que com o impacto, várias árvores foram danificadas. Segundo o Cenipa, a aeronave percorreu 60 metros entre a vegetação. Além disso, os motores se desprenderam da aeronave e foram arremessados vários metros dentro da mata.
Também foi avaliado que o avião pegou fogo após o choque, já que haviam sinais de incêndio na vegetação e dois corpos estavam carbonizados.
As mortes, porém, foram causadas por politraumatismo, em razão do impacto com a vegetação e com o solo.
QUEM ERA O DEPUTADO
Ribas Carli, 32 anos, nasceu em Guarapuava e era graduado em Administração de Empresas. Ele cumpria seu segundo mandato como deputado estadual.
Na Assembleia Legislativa, era presidente da Comissão de Esportes e coordenador da Frente Parlamentar dos Produtos de Energia Elétrica.
Bernardo é filho do ex-prefeito de Guarapuava, Luiz Fernando Ribas Carli, e irmão do ex-deputado estadual Luiz Fernando Ribas Carli Filho.