Pegou mal para o governador Ratinho Junior (PSD) tentar ganhar créditos políticos sobre o pânico vivido pela população de Guarapuava no domingo à noite. O chefe do poder no estado, declarou ao longo de segunda-feira (18) que o assalto foi impedido, graças à ação integrada de forças de segurança orientadas pelo governo.
As declarações imediatamente causaram polêmica. Primeiro, porque durante o ataque haviam apenas 9 policiais de plantão no Batalhão, o que demonstra o descaso da segurança pública no estado com seu baixo efetivo.
Depois, que a fala de Ratinho Junior simplesmente descartou a ação solidária e conjunta de praças da Polícia Militar (PM) que estavam de folga, ou afastados pelos mais diversos motivos, e que foi crucial para combalir os cangaceiros.
A verdade é que, em se tratando de segurança, Guarapuava, assim como o restante do estado, encontra-se em completo abandono. Essa visão é reforçada pelos vários protestos de policiais civis e militares que aconteceram em várias cidades do Paraná.
Na noite de domingo, não foi diferente. O efetivo insuficiente não permitiu que mais policiais estivessem escalados para uma resposta mais imediata ao ataque. E sem equipamentos adequados, os agentes se viram com pistolas enfrentando criminosos armados até os dentes com fuzis capazes de furar um tanque, quiçá uma viatura.
Tão logo as informações sobre o ataque começaram a circular nas redes sociais, os praças da PM, que como dito acima estavam de folga, afastados ou ainda na reserva, se organizaram por conta própria e, usando seus veículos particulares e a estrutura possível, confrontaram os bandidos que fugiram da cidade, e ainda fuzilaram uma viatura.
A ajuda do governo, na verdade, chegou horas depois quando os ataques já tinham sido cessados, e não havia outra justificativa a não ser vir apoio de Curitiba para garantir o reforço do policiamento. Era o mínimo, afinal, já que Guarapuava é uma das maiores e mais importantes cidades produtoras do Paraná, e não era esperada outra atitude.

Mas é preciso fazer justiça. O reconhecimento deve ser direcionado aos praças, que não mediram esforços para defender a cidade, e aos policiais que bravamente estavam cumprindo suas escalas extenuantes e com salários defasados.
Diante da polêmica, uma nota conjunta foi publicada pelos policiais destacando a união de forças e a solidariedade dos praças. No texto, além de desmentir as declarações do governador sobre “planejamento estratégico”, esclarecem as dificuldades enfrentadas pela tropa no dia a dia.