Quatro nomes do entorno do primeiro escalão político do prefeito Marcelo Belinati (PP) se preparam para as eleições de 2022, que serão, quem sabe, as mais aguardadas da história, por polarizar na disputa presidencial os nomes do ex-presidente Lula (PT) e do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao menos três dos principais secretários do prefeito, além de um vereador da base fiel a Belinati dão sinais de que pretendem entrar mesmo na concorrência de uma cadeira na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal.
Com exceção de Bruno Ubiratan, atual presidente da Companhia de Desenvolvimento de Londrina (Codel) que pleiteia disputar uma vaga na Câmara Federal, o secretário de Governo, Alex Canziani, e o secretário de Planejamento, Marcelo Canhada, costuram suas candidaturas para a Assembleia Legislativa (ALEP).
Alex Canziani, que pretendia repetir sua candidatura ao Senado – que quase lhe garantiu sucesso em 2018 – repensa a pretensão em favor de Guto Silva, anunciado candidato de Ratinho para a vaga, atualmente ocupada por Álvaro Dias, que tentará a reeleição pela enésima vez.

Com isso, Canziani circula pelas cidades do Paraná, visitando velhos amigos, participando de reuniões com lideranças e evidentemente, idealizando seus planos políticos para 2022; Em vários municípios, o secretário londrinense é reconhecido de quando foi deputado federal, um fator que facilita seu trânsito.
Especulava-se que Canziani podia tentar voltar ao Congresso, mas o bom desempenho de Luísa, sua filha que ganhou destaque entre os prefeitos, o leva a mantê-la como sua substituta em Brasília. Resta pra ele, então, tentar uma cadeira de deputado estadual.
TAMBÉM NO PRIMEIRO ESCALÃO
Outro nome que já se ventila como potencial candidato é o do também secretário Marcelo Canhada. Responsável pelo setor de Planejamento e Orçamento da Prefeitura de Londrina, Canhada ganhou visibilidade principalmente no ano passado – o primeiro do segundo mandato de Belinati.
Proativo, Canhada tem se dedicado a marcar presença em Londrina, e quer atingir o eleitorado dos bairros. Para isso ele fiscaliza obras, garantiu apoio de vereadores populares, e todos os dias grava vídeos para seus canais nas redes sociais, como vitrine das principais obras em andamento na cidade.

Uma das obras abraçadas por Canhada, por exemplo, foi a do Bosque Central, ao qual ele fez questão de vistoriar por diversas vezes. Em outra situação ele protagonizou o episódio em que se irritou com uma empresa ao cobrar pontualidade nos prazos de entrega.
Canhada, no entanto, tem como desvantagem a necessidade de encontrar uma legenda que o permita atingir uma boa votação e entrar pelo quociente eleitoral. Ele já foi presidente no Partido Socialista Brasileiro (PSB) no passado, mas agora seu destino continua como uma incógnita.
NA CÂMARA MUNICIPAL
Se no caso de Canhada, ainda é preciso encontrar um partido, na base fiel a Belinati na Câmara Municipal, o ex-assessor e atual vereador Matheus Thum também já está no aquecimento e filiado ao PP – sem nenhuma coincidência – o mesmo partido o prefeito.

Thum é o nome na Câmara mais próximo de Belinati, e por sinal transmite essa impressão com sucesso, já que enquanto foi assessor, participou ativamente de ações nos bairros, sempre mencionando Marcelo como seu mentor. Isso foi impulsionado ainda mais em 2020 quando não só seus santinhos, mas toda sua estrutura eleitoral foi desenvolvida baseada nisso.
GUERRA FRIA
O enigmático Carlos Drummond de Andrade escreveu que “no meio do caminho tinha uma pedra” – Thum é literalmente a pedra no caminho de Canhada, já que o secretário tenta seguir pela mesma direção do ora assessor, em vincular fortemente sua imagem ao do prefeito, que segue bem avaliado na opinião pública.
Os indicadores mais recentes mostraram Belinati com mais de 80% de aprovação, em pesquisas encomendadas pelos caciques políticos do governador Ratinho Junior, que sonda seu apoio nas cidades. Canhada e Thum tentam atrair para si uma porção dessa popularidade, para conquistar o eleitorado.
O vereador, que também deve ser candidato a deputado estadual, pode ainda amargar ser derrotado pelos caciques do PP, e corre o risco de encontrar pela frente uma encrenca chamada Jessicão, outra vereadora, que apesar de ser do seu partido, não caminha 100% com a base, e empunha a bandeira do bolsonarismo, ainda bastante difundida entre o eleitorado mais conservador londrinense.
OLHO NO CONGRESSO
Longe da guerra fria pela Assembleia Legislativa, nos arvoredos do Bela Suíça, bairro nobre da zona sul, está Bruno Ubiratan, atual presidente da Codel. Ele também caminha em toada enquanto tenta ser notado.
Bruno quer emplacar seu nome na disputa por uma cadeira como deputado federal, e mantém um diálogo próximo com Guto Silva, que lhe promete apoio na cidade, na ocasião de sua candidatura ao senado.

Ele tira daí a esperança de chegar a Brasília, como um eventual ocupante da vaga que foi de Belinati até 2016. Para conseguir essa proeza, Bruno gasta a sola do sapato para aparecer para o eleitorado, e mostrar presença, principalmente nos assuntos que envolvem indústrias e turismo, como foi no caso do Natal 2021.
A grande dificuldade, porém, é que Bruno vai disputar em meio ao eleitorado mais conservador, já dominado por Luísa Canziani (PSD) e Filipe Barros (PSL). Resta saber se terá votos o suficiente para todos.
BELINATI SOBRE O MURO
Diante de todo o cenário que se coloca, Marcelo Belinati evita acenar politicamente para qualquer um de seus secretários ou aliados. O prefeito aplica a sabedoria do “ensinar a pescar” e “nunca dar o peixe” e se mostra neutro em relação aos nomes potenciais na disputa em outubro – O famoso “em cima do muro”.
Ele sabe que se tomar uma posição ou declarar um apoio específico, pode gerar uma ciumeira desnecessária, mas completamente possível, entre seu grupo mais próximo. A ciumeira, inclusive, já existe mesmo sem que o prefeito acene para ninguém. Seria ainda pior se acenasse.
Lógico, todos vão cobrar o apoio – e todos terão, exatamente o mesmo apoio, que em resumo é a oportunidade de na gestão, obter avanços e reconhecimentos pelo seu trabalho realizado. Ou seja, usem a vara, e colham seus frutos pelas sementes que você plantou. Resumindo mais ainda: a toada é solitária, como na tradição da fazenda.
Como diz o ditado popular, quem plantou vento, já imagina que colherá tempestade. Belinati sabe, e não vai correr o risco de derreter seu bom momento, e quem sabe, uma eventual candidatura ao governo em 2026, para qual seu nome já está sendo sondado.